segunda-feira, 26 de setembro de 2011

da MERDA fica um pouco


tem gênio por ai que já disse em algum lugar: “de tudo ficou um pouco” e dessa pouca memória, lamento dizer que a maior parte do que fica é MERDA. após intensa digestão e muitos gases, a MERDA continua sendo relevante. e se “de ternura ficou um pouco (muito pouco)”, da MERDA ficou muito. ficou a ternura daqueles tempos de comprar “chicletes” (via MERDA) na padaria com o troco do pão da minha vó. época onde não existiam doenças, poluição, uma época pré-web, pré-google, pré-i-share, pré-MERDA, onde “curtir”significava algo mais do que aquele dedim digital de MERDA. da MERDA ficou muito. ficaram tardes de sol onde as possibilidades de MERDAS eram infinitas com os “amigos”, num tempo quando “amigos” eram mais que uma foto entre outras 596. tempo em que corríamos atrás de informação, bandas, novidades (via tóxicos & entorpecentes), livros, marcas de tênis , do “peú mais doido” ou da “peita mais estribada”. todas as MERDAS aconteciam ao seu redor. “o tempo passa”(MERDA 3.01) e com ele passa tudo. aqui na terra da bomba atômica dizem que “a ignorância é uma benção” e a MERDA concorda com isso. queria ser ignorante o suficiente para “curtir” o rock n’ rio, a dilma, os stones, a MERDA que te pariu (via padre fábio), o inhotim. queria ser ignorante o suficiente pra concluir que com a MERDA não se pode e falar sobre isso já é uma MERDA por si só. ignorante o suficiente para acreditar na vida, na família, nos feriados com seus rituais de MERDA que te dão sono e dor de cabeça, na divinidade, na MERDA, no pedro bial. a ignorância é uma benção e, como tudo que é santo, é pra poucos e esses poucos são uma MERDA. “a salvação meu irmão” (via capitão nascimento) é um prato de MERDA servido em louça chinesa e prataria inglesa. na idade da MERDA tudo está se tornando possível. podemos criar nossos clones virtuais, que terão amigos virtuais mil vezes mais interessantes que seus amigos. podemos salvar o planeta clicando em um mouse e em breve até nossa própria MERDA iremos poder comer. “em tempos de MERDA, so não vale dar o cú”, mas até isso parece que foi por água abaixo. nesse tempo que será lembrado como “o período da MERDA”, os valores mudaram e me parece que se a vida não fazia muito sentido antes, agora pode estar mais na MERDA ainda. pois sabemos que as únicas coisas que terão algum valor são as lembranças de MERDA, as memórias da MERDA e um monte de outras coisas retardadas que podem tudo ir para a MERDA.

p.s. marcelo “saddam” macedo se foi a um ano mas acredito que sua influências ficarão comigo para sempre, acho que esse blog mostra um pouco disso. sentimos sua falta seu MERDA.

art: the subway / josé clemente orozco (1928)

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