quarta-feira, 22 de junho de 2011

onde a MERDA não tem vez


ir embora de qualquer lugar é dificil em qualquer circunstância, mesmo quando esse lugar é uma MERDA. aquele fedor que está conosco desde o umbigo nos remete a um passado saudoso que talvez nunca tenha existido. Neste momento, no auge de minhas lembranças sinto falta de todas as variadas MERDAS. sinto falta dos amigos que entendem a MERDA do lugar de onde eu vim e a MERDA do lugar pra onde vou. sinto falta do fedor inexplicável do rio de MERDA que corta nossa cidade de MERDA. sinto falta dos butecos com suas mesas nos passeios sujos de MERDA , de onde so sai MERDA das bocas sujas, famintas e incansáveis de seus frequentadores. sinto falta dos cheiros, dos sons, das vistas e das MERDAS que fazem de um lugar qualquer sua casa, sua MERDA. sinto falta até das filas intermináveis do sistema bancário mais avançado do mundo de MERDA, da gasolina batizada da nossa tão moderna petroleira de MERDA, dos hospitais assassinos que assombram nossa existência de MERDA, dos artistas fazendo MERDA após MERDA para um público de MERDA que acha tudo “o máximo”. a saudade é uma MERDA e como toda MERDA só poderia ser uma instituição brasileira (via português). descobri, nessa MERDA que chamamos de vida, que andar por passeios bem cuidados, dirigir em estradas perfeitas, viver em um lugar civilizado, limpo e sem stress acaba sendo uma MERDA. como um bom brasileiro (via um MERDA) que sou, não cosigo ver sentido em nada que não resulte em MERDA. preciso da MERDA para viver, para sorrir, para chorar, para amar. preciso da MERDA para fazer MERDA. “sem a MERDA não vivo”(MERDA 2:11). sem a minha MERDA sou apenas mais um MERDA andando por uma terra de rostos desconhecidos, expressões indecifráveis. MERDAS que pra mim não me fazem sentir, não significam nada, não fedem, MERDA que são MERDAS. na terra dos ‘’livres e bravos’’ (home of the free and the land of the brave) a MERDA não fede tanto quanto no país do lula, da dilma, do sarney, do william bonner, da MERDA. na terra do tio sam as MERDAS obedecem leis, dirigem carrões ultra modernos em estradas que não foram feitas para matar, assassinar, decapitar e aleijar a população em geral. na terra do cachorro quente a MERDA não vive debaixo de pontes, em morros que desmoronam com a chuva. na terra do ronald mcdonald a MERDA não morre na fila do inss, nos postos de saúde defazados com seus médicos mal pagos, exaustos e sem as mínimas condições de trabalho. na terra do hamburguer e do negro mais branco do mundo a MERDA se alimenta da solidão, do anonimato, do robotismo, do sonho americano que no fim do dia não passa de uma MERDA. aqui na terra onde até os fracos tem vez a MERDA reside justamente na falta da MERDA.

art: georgia o'keeffe / city nights (1926)

4 comentários:

Isabel disse...

eita saudade

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

“sem a MERDA não vivo”(MERDA 2:11), tudo verdade, saudades de você Joe, volta ein homem, Brasil têm muito mais merda, é bem mais divertido. (:

Danny G. disse...

Excelente post!