
que os franceses digam ''c'est la vie'', que os comedores de cheddar ao norte do méxico digam ''that's life'' e que aqui na baixada do lula digamos ''MERDA!''. gostaria de chamar atenção a um fenômeno, uma MERDA, uma doença recente que anda rolando por ai e acontecendo por aqui. o tempo sumiu. não há mais espaços para refletir, pensar, chorar, rir e fazer MERDA. o homem que tanto se gaba de ser a grande espécie desse planeta azul de MERDA, esqueceu-se das coisas simples da vida. cagar, mijar, trepar, andar por ai observando e apreciando, são coisas que estão tão esquecidas quanto o vídeo cassete. e não é apenas uma doença da juventude, dos adolescentes ou dos MERDAS dos capitalistas ou dos MERDAS dos comunistas indie. parece que já está no consciente coletivo dos coletivos de MERDA. fico reparando meu próprio comportamento de MERDA que sou. passamos mais tempo olhando pra uma tela de computador do que conversando com a família, ou os MERDAS dos amigos. passo mais tempo usando a MERDA do celular do que ouvindo o MERDA do mahler. sofro mais com a queda da MERDA da net do que com a morte de um amigo. talvez seja bíblico, talvez sejamos apenas carne mesmo e o que resta depois é a alma digital que deixamos nas MERDAS das redes sociais. a doença também parece não ter cura. talvez seja a única que quando você tenta se livrar dela você é chamado de rebelde, antipático, antiquado, MERDA! fiz a experiência de ficar três meses sem meu celular. foram meses memoráveis! mas a repressão recebida pelo emprego, amigos, familiares me lembraram rapidamente o baixo valor da MERDA da independência. o stress e a depressão são os novos heróis de quadrinhos da sociedade internautica, conectada de MERDA que criamos. quero desconectar desse pesadelo de MERDA que estamos carregando conosco ao tumulo. túmulos que em breve terão opções como ''curtir'' ''share'' ''re-tweet'' e ''MERDA''. viramos nossos próprios clichês. transformamos-nos em nossos piores pesadelos. queria voltar a um tempo onde as MERDAS eram mais locais. onde uma MERDA feita na china não afetasse a MERDA que é feita no país das bolsas famílias. mas o tempo que sumiu, existe e passa. e as coisas passam e até as MERDAS das pessoas passam. e nós aqui na MERDA ficamos retweetando para amenizar a MERDA!
marcelo ''saddam'' mendonça nos deixou tristes mas a MERDA do tempo deixa tudo para tras. lembro de todas coisas que fizemos juntos e o quanto mais poderiamos ter feito. voce fez historia seu MERDA. r.i.p.
art: the presistence of memory, salvador dalí (1931)
Um comentário:
"Mas de tudo fica um pouco... não muito." (Drummond)
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